quinta-feira, 24 de maio de 2012

Eu. às vezes, me distraio e espero que as pessoas tenham atitudes, posturas, sentimentos... Uma mulher possível não pode se distrair, não pode brincar de escorrega do jardim dos sonhos porque quase sempre tem uma poça de lama no final da descida... e uma mulher possível não pode ficar enlameada de jeito nenhum! Imagina! A roupa deve estar sempre "omo total", limpíssima... Afinal de contas, uma mulher possível só é possível porque é correta até a ponta do dedão do pé!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A gente vai lembrando...

"... a gente vai levando, a gente vai dourando essa pílula..."

Mais uma possibilidade estabelecida pela "mulher possível": Sempre amei viajar e nunca tive grana pra isso. Mas inventei que era possível viajar sem dinheiro e me divertir (que abuso!), e, creiam, pasmem, consegui! rssssss

Ia acampar no fim de semana sem um puto no bolso... pegava trem, carona, carregava peso nas costas por léguas, tudo pra comer miojo, fazer números 1 e 2 no mato, dormir no abafamento da barraca, mas nos braços do amado. Valia a pena.

Ia pra Salvador, ficava em república de estudante, dividindo colchonete com um, dois colchonetes pra cinco... fazendo apenas uma refeição decente por dia (leia-se PF, o famigerado prato feito com feijão, arroz, bife, macarrão e/ou ovo), pulando carnaval sem parar, sem uma gota de álcool (o dinheiro só dava pra comprar saquinho de água - nem parava pra pensar de onde vinha a água, mas meus anjos da guarda sempre trabalharam bem... rs)

Ia pra Recife, ficar na mordomia da casa da amiga, mas na volta, embarcava num ônibus quentão pra encarar 42 horas de viagem, só com a grana do ônibus da rodoviária até em casa no bolso. Comia bolo da senhorinha do lado, bananas do cacho dos marinheiros simpáticos, leite com nescau e sanduba na conta dos motoristas da São Geraldo (todos solidários com aquela menina doida que viajava sem dinheiro, numa época em que as pessoas faziam as coisas de graça, sem esperar retribuição de qualquer espécie - incrível, mas já existiu esse tempo em que não era preciso dar nada em troca, se é que vocês me entendem...).

Lembro que sempre que ia pra estrada nas minhas jornadas de "tarifa ultra-econômica", sempre levava um empadão da Voinha pra comer durante a viagem. Era bom demais!

Hoje, com a idade, não aguento mais ficar em barraca de camping abafada, nem viagem de 42 horas de ônibus (as varizes entrariam em colapso), mas ainda recebo contribuições... na viagem que fiz pra Israel - generosidade dos manos Betina e Sérgio -, ganhei de presente de aniversário - comemorado na parada em Paris (pobre chique é ainda mais chique!) - um saco de dinheiro graças à vaquinha promovida por doidas como Élida e Marisa, atendendo à sugestão do cubano José Gustavo. A galera foi generosa comigo... Tinha reais, dólares e até euros! (pobre com amigos chiques é mais chique ainda!)

Pois é... sou "viajante possível" tb! Na impossibilidade de ir pra Europa de novo, vou pra Buenos Aires com meu querido e vai ser bom demais! Depois eu falo das economias possíveis dessa viagem... rsssss
Nada de "coitadismos", mas eu preciso registrar que tudo o que fiz na vida foi pra ser uma "mulher possível", uma mulher viável, que pudesse ser feliz com todas as limitações impostas por fatores diversos - alguns cruéis, outros necessários.

Me tornei, por exemplo, uma mulher imune a vaidades do tipo "fazer o cabelo", "fazer a unha", "fazer depilação", "fazer balayage", "fazer limpeza de pele", "me maquiar", "fazer qualquer tipo de tratamento de beleza" ou outra coisa parecida. Tudo porque, eu correria o risco de gostar dessas coisas e passar a achá-las necessárias pra minha vida, o que me tornaria muito infeliz. Nunca tive grana pra fazer essas coisas de mulher - e como não tenho talento, sequer destreza pra vaidades como pintar a própria unha, forjei uma mulher que não precisa desses cuidados, desses atrativos... Ok... não sou linda pra poder dispensar "reforços" pra me tornar mais atraente, mas era o que dava pra ser. Então fui; sou ainda, na verdade. Só há dois anos me rendi à tintura do cabelo e me irrito de dois em dois meses com isso... Consegue imaginar uma mulher de classe média, com curso superior, que nunca tenha passado um creme anti-rugas à beira de completar 50 anos? E uma que não pinte a unha ou se depile? Pois é... sou eu... e olha que não sou mulher-gorila... sou apenas "mulher possível", como disse no início.

De adolescente criada na zona sul que nunca conseguiu acompanhar nenhuma moda - só tinha roupa da moda depois que a moda passava, e minhas primas ricas enjoavam das roupas.. rs - me transformei numa mulher que tem seu próprio estilo. Não que esse estilo seja algo que vá parar nas páginas do caderno Ela ou em programa do GNT. Xiiii... acabo de me lembrar da Adriana Calcanhotto que foi banida dos cadernos de cultura durante um tempo depois que lançou a música "Senhas", que falava dos "modernos e seus Segundos Cadernos" e que ela nunca mais cantou em show e, provavelmente, nem no banheiro. O que lamento muito porque amo os versos "Eu gosto dos que têm fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem..."

Mas, voltando às possibilidades dessa mulher que tá longe de se fazer de "pobrezinha", um dado interessante na minha personalidade é que eu - passional, apaixonada por natureza, amorosa e desenfreada e nada econômica em sentimentos - nunca tenha sofrido por amor não correspondido. Já sofri por amor, sofro ainda, mas por um amor em que eu acredite, em que eu possa ser correspondida. Amor não retribuído só me arrancou alguns baldes de lágrimas, o que, diante da minha personalidade, são gotículas no oceano! Romântica que sempre fui, se eu amava um cara e ele não me amava, ele não era o meu príncipe encantado. E se esse era o fato, não havia por que me desesperar já que havia sempre uma possibilidade ali adiante de beijar um sapo e ele virar príncipe. O que não me livrou, claro, de beijar muitos sapos de impossíveis transformações... rsssssss...

O que eu queria registrar é que até hoje não sei o quanto a gente pode mudar, se acomodar, se resignar, aceitar, usar o "pollyanismo" (quem leu "Pollyana na adolescência vai entender... rs) pra ser feliz, sem que essa felicidade seja ilusória, falsa ou inconsistente. Ainda não sei dizer se sou feliz ou não, apesar de momentos de sufocante felicidade. É que sempre há outros de profundas desesperanças e frustrações...

Eu comecei a escrever isso com endereço certo, era um e-mail, mas comecei a divagar e ficou maior do que eu imaginava... o que fazer com isso agora? Como meu verbo preferido é - sempre foi - "compartilhar" (só agora estou na moda! rs), resolvi compartilhar com vocês... mas vou continuar a escrever sobre isso... falar e/ou escrever é sempre um caminho pra se encontrar uma resposta, né?